ALIMENTOS FUNCIONAIS E OBESIDADE



O que são alimentos funcionais

Alimentos funcionais são todos os alimentos ou bebidas que, consumidos na alimentação cotidiana, podem  trazer benefícios fisiológicos específicos, graças à presença de ingredientes fisiologicamente saudáveis (CÂNDIDO & CAMPOS, 2005).
O conceito de alimentos funcionais foi proposto inicialmente no Japão, em meados da década de 1980, como resultado de esforços para desenvolver alimentos que possibilitassem a redução dos gastos com saúde pública, considerando a elevada expectativa de vida naquele país. Em 1990, recebeu a designação em inglês de FOSHU (foods for specified health use – alimentos para uso específico de saúde), que se refere aos alimentos usados como parte de uma dieta normal que demonstram benefícios fisiológicos e/ou reduzem o risco de doenças crônicas, além de suas funções básicas nutricionais (COSTA; ROSA, 2010). O princípio foi rapidamente adotado em outras partes do mundo. Entretanto, as denominações das alegações, bem como os critérios para sua aprovação, variam de acordo com a regulamentação de cada país ou bloco econômico (STRINGHETA et al, 2007; COSTA; ROSA, 2010).
A partir da verificação de que o consumidor estava sendo confundido com nomenclatura e alegações de propriedades não demonstradas cientificamente, a tendência do Codex Alimentarius e de vários países foi disciplinar as alegações sobre as propriedades funcionais dos alimentos ou de seus componentes, como também a segurança com base em evidências científicas (BRASIL,1999b).
No caso do Brasil, desde o início da década de 1990 já existiam na Secretaria de Vigilância Sanitária pedidos de análise para fins de registro de diversos produtos, até então não reconhecidos como alimentos pelo conceito tradicional. Somente a partir de 1998, após mais de um ano de trabalho e pesquisa, foi proposta e aprovada a regulamentação técnica para análise de novos alimentos e ingredientes, inclusive os chamados “alimentos com alegações de propriedades funcionais e/ou de saúde”.


CLASSIFICAÇÃO
Os alimentos e ingredientes funcionais podem ser classificados de dois modos: quanto à fonte, de origem vegetal ou animal, ou quanto aos benefícios que oferecem, atuando em seis áreas do organismo:
no sistema gastrointestinal;
 no sistema cardiovascular;
no metabolismo de substratos;
no crescimento, no desenvolvimento e diferenciação celular;
 no comportamento das funções fisiológicas e
 como antioxidantes (SOUZA, et al., 2003).
Uma grande variedade de produtos tem sido caracterizada como alimentos funcionais, incluindo componentes que podem afetar inúmeras funções corpóreas, relevantes tanto para o estado de bem-estar e saúde como para a redução do risco de doenças. Esta classe de compostos pertence à nutrição e não à farmacologia, merecendo uma categoria própria, que não inclua suplementos alimentares, mas o seu papel em relação às doenças estará, na maioria dos casos, concentrado mais na redução dos riscos do que na prevenção.
CARACTERÍSTICAS
Os alimentos funcionais apresentam as seguintes características:
a) devem ser alimentos convencionais e serem consumidos na dieta normal/usual;
b) devem ser compostos por componentes naturais, algumas vezes, em elevada concentração ou presentes em alimentos que normalmente não os supririam;
c) devem ter efeitos positivos além do valor básico nutritivo, que pode aumentar o bem-estar e a saúde e/ou reduzir o risco de ocorrência de doenças, promovendo benefícios à saúde além de aumentar a qualidade de vida, incluindo os desempenhos físico, psicológico e comportamental;
d) a alegação da propriedade funcional deve ter embasamento científico;
Moraes F. P. e Colla L. M. / Revista Eletrônica de Farmácia Vol 3 (2), 99-112, 2006 111
e) pode ser um alimento natural ou um alimento no qual um componente tenha sido removido;
g) pode ser um alimento onde a natureza de um ou mais componentes tenha sido modificada;
h) pode ser um alimento no qual a bioatividade de um ou mais componentes tenha sido modificada.

Esses regulamentos incluem diretrizes básicas para avaliação de risco de novos alimentos e para comprovação de alegação de propriedade funcional e/ou de saúde em rotulagem de alimentos (BRASIL,1999b; COSTA; ROSA, 2010). Ressalta-se a importância destes compostos no aumento da expectativa de vida da população, uma vez que o crescente aparecimento de doenças crônicas tais como a obesidade, a aterosclerose, a hipertensão, a osteoporose, o diabetes e o câncer têm ocasionado uma preocupação maior, por parte da população e dos órgãos públicos da saúde, com a alimentação.
Nesse contexto, inserem-se os alimentos funcionais, considerados promotores de saúde por estarem associados à diminuição dos riscos de algumas doenças crônicas, uma vez que são encontrados em alimentos naturais ou preparados, contendo uma ou mais substâncias funcionais.


Flavonoides
Os flavonoides são pigmentos que ocorrem naturalmente em plantas e que protegem o corpo contra danos produzido por agentes oxidantes, tais como raios ultravioletas, poluição ambiental, substâncias químicas, entre outros. O corpo humano não tem a capacidade de produzi-los, e eles podem ser obtidos por alimentos como frutas, vegetais, sementes e flores, bem como cerveja, vinho, chá verde, chá preto e soja. Eles também podem ser usados como suplementos nutricionais, em conjunto com algumas vitaminas e minerais (MARTÍNEZ-FLÓREZ et al, 2002).
Devido à sua estrutura química, os flavonoides possuem grande poder antioxidante e exercem efeitos terapêuticos em várias patologias, incluindo doenças cardiovasculares, aterosclerose e câncer (USDA, 2007). Tal poder impede a oxidação da lipoproteína de baixa densidade (LDL, do inglês low density lipoprotein), prevenindo danos ao endotélio e o processo de aterosclerose, além de bloquear as fases de iniciação e desenvolvimento da carcinogênese (COSTA; ROSA, 2010).
Os principais tipos de flavonoides são (MARTÍNEZ-FLÓREZ et al, 2002):
1) Bioflavonoides cítricos, como a quercetina e o limoneno. A quercetina está presente em cebola, maçã, brócolis, cereja, uva e repolho roxo, e o limoneno, em limão e lima.
2) Isoflavonoides: estão presentes nos alimentos de soja, tais como tofu, leite, proteína vegetal texturizada, farinha, missô.
3) Antocianidinas: estão localizadas nas sementes da uva e no vinho.
4) Antocianinas: são pigmentos vegetais responsáveis pela coloração avermelhada da cereja.
5) Ácido elágico: é um flavonoide encontrado em frutas como as uvas e em vegetais.
6) Catequina: os chá verde e preto são boas fontes.
7) Kaemferol: está presente em alho-poró, brócolis, rabanete e beterraba.

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